A campanha passada das eleições americanas me deixaram meio deprimido. Pior que isso, acompanhar o jornalismo americano também me deprime. Apesar de julgar o processo eleitoral brasileiro mais ágil, o que é bem estranho se tratando de um país de terceiro mundo comparado com a maior potência mundial – ao menos era antes dessa ‘crise’ –, julgo a cobertura da imprensa americana de todo processo eleitoral superior à brasileira. Lá, a opinião não é recriminada.
Para começar, as faculdades de comunicação no Brasil costumam motivar seus alunos a se tornarem imparciais. A opinião deles não interessa, apenas os fatos. Nesse contexto, os professores te condenam se tu te passa um pouco nas matérias, e pagam pau para o jornalismo 'imparcial' dos americanos.
Mas vejamos: o número de publicações que declaram sua preferência presidencial é notícia em cada eleição. É aquela velha coisa de não tirar o leitor para idiota e, se ele quiser continuar comprando o jornal depois das eleições, o problema é dele. Felizmente, temos a lei eleitoral para impedir esses abusos por parte da “mídia-má" brasileira.
E é aí onde entramos na questão da internet. Atualmente – e felizmente –, a maioria dos blogs pode ser considerada uma ferramenta jornalística, e não apenas um diarinho, como eram no início dos tempos.
As eleições na terra do Tio Sam bombaram na internet, graças aos blogs. Barack Obama angariou sua base de apoio através de redes sociais.
A imprensa brasileira precisa voltar aos 'anos dourados'.
Quando a mídia ficou tão enfadonha? Perceba as lacunas entre a época do jornal O Pasquim [PAUSA], até o pessoal do Casseta Popular e Planeta Diário [pausa], seguindo até o surgimento do CQC, por exemplo. O fim da Ditadura também decretou o fim do bom jornalismo no Brasil. Ali nascia o bundamolismo editorial (me desculpem pelo neologismo bagaceiro). Veja o caso do próprio CQC, que teve de recorrer a um abaixo assinado e intensos protestos para poder entrar no Congresso. Assessores da Casa argumentaram que o programa é humorístico, e por isso os seus integrantes não poderiam circular como jornalistas dentro do Congresso para abordar os deputados e senadores – mesmo tendo diploma de jornalistas.
Aí, na internet ou assistindo à TV a cabo, o que se vê é deprimente. Não é possível imaginar programas com o humor ácido do Saturday Night Live em versões brasileiras sem ver uma ameaça de processo logo depois do que apresentam. Ah, claro, esqueci: jornalismo tem de ser factual.
As cobranças são baseadas puramente na paranóia.
Não há qualquer cerimônia quanto aos políticos americanos. Ninguém é poupado. Investigar a vida pessoal do candidato é considerado por muitos um atraso no debate democrático brasileiro, mas eu gostaria de saber se meu deputado é um sonegador-pedófilo-traficante. Ajudaria a definir o voto, sabe?!
O pior é que nos EUA eles entram no jogo – até porque sabem que fazem parte dele. A vida de Sarah Palin, candidata a vice de McCain, foi escrutinada no SNL, mas ela foi lá participar do programa ao vivo. Barack Obama foi satirizado pela New Yorker e brincou com isso. No país democrático que é o Brasil-sil-sil, isso não acontece. Afinal, pode fazer mal aos negócios dar as caras para os eleitores. Eles até podem mudar de idéia.
Existem pessoas pensantes ou não em ambos os lados dessa história. De toda forma, cabe ao leitor/telespectador separar o trabalho do profissional do veículo para o qual esse profissional trabalha.
O jornalista, ao atender aos interesses de seu empregador, precisa imprimir ainda que minimamente a sua marca registrada. Caso contrário estará estabelecida uma relação de escravidão intelectual, onde o prejuízo maior restará para quem pode menos. É o mais do mesmo.
Qualquer que seja o caso, o jornalista – sempre cuidadoso – precisa estar atento a tais movimentos; o telespectador/leitor precisa prestar atenção nisso tudo – refletindo em uma análise pessoal – e a mídia precisa considerar a leitura que seu público faz acerca de tais acontecimentos, sempre levando isto em consideração na hora de produzir conteúdo.
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